Em uma declaração conjunta divulgada neste sábado, os presidentes do Brasil e da Colômbia afirmaram que continuam convictos de que a credibilidade das eleições na Venezuela depende da total transparência no processo eleitoral.
Gustavo Petro, presidente da Colômbia, e presidente Lula, em cúpula de países da América do Sul — Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro, emitiram uma declaração conjunta neste sábado (24) reafirmando seu apelo para que as autoridades venezuelanas publiquem as atas da eleição presidencial realizada há quase um mês na Venezuela.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a vitória do presidente Nicolás Maduro poucas horas após a votação. Na última quinta-feira (22), o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), dominado por aliados de Maduro, confirmou sua reeleição e proibiu a divulgação das atas de votação. A oposição questiona a legitimidade do resultado.
Na sexta-feira (23), EUA, União Europeia, e outros dez países latino-americanos, além da OEA (Organização dos Estados Americanos), rejeitaram a decisão do TSJ de validar a vitória de Maduro. O Brasil ainda não havia se manifestado oficialmente após a decisão do TSJ.
O comunicado dos presidentes Lula e Petro destaca que ambos continuam convencidos de que a credibilidade do processo eleitoral só pode ser restaurada com a publicação transparente dos dados de votação. A declaração também enfatiza a importância do diálogo pacífico e da convivência democrática para a normalização política na Venezuela.
Os presidentes conversaram por telefone nos dias 23 e 24 de agosto para discutir a declaração. O comunicado reafirma que Brasil e Colômbia estão comprometidos com a estabilidade da Venezuela e da região e mantêm canais de comunicação abertos com o governo e a oposição venezuelana. Eles também expressam oposição às sanções unilaterais, que consideram prejudiciais à população vulnerável dos países sancionados.
Outros países, incluindo EUA, Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, também expressaram ceticismo quanto à decisão do TSJ e à legitimidade da vitória de Maduro. A OEA rejeitou a decisão do TSJ e questionou a rapidez com que Maduro foi proclamado reeleito. A União Europeia declarou que não reconhecerá o novo governo de Maduro sem evidências verificáveis da vitória.
O TSJ, que é amplamente visto como alinhado ao chavismo, afirmou ter realizado uma auditoria das eleições a pedido de Maduro e declarou que os resultados divulgados pelo CNE estão validados. A presidente do TSJ, Caryslia Rodriguez, afirmou que a decisão é final e não admite recurso, com possíveis consequências para quem contestar.