Agência diz que está ‘avaliando todas as opções’ para o retorno seguro da tripulação da Starliner, nave da Boeing em fase de testes
A Nasa vai anunciar neste sábado o destino dos astronautas Butch Wilmore e Suni Williams, que estão há mais de dois meses na Estação Espacial Internacional em uma missão que deveria durar cerca de oito dias. A dupla foi lançada em um voo de teste para certificar a nave Starliner, da Boeing, que apresentou diversos problemas durante o atracamento na estação, e agora eles correm o risco de ficarem oito meses no espaço.
Segundo a agência espacial americana, especialistas em engenharia e voo espacial da NASA e da Boeing continuam a análise de dados antes da decisão final sobre o caminho a seguir para o retorno da espaçonave Starliner. Neste sábado, a agência vai fazer a última revisão de prontidão de voo, reunião onde quaisquer discordâncias formais são apresentadas e reconciliadas.
A Nasa vai fazer uma coletiva de imprensa televisionada após a conclusão da revisão para discutir a decisão da agência e os próximos passos. Após a decisão em nível de agência, as equipes de controle de programa e de voo continuarão se preparando para o retorno da Starliner, incluindo sessões de treinamento e outras ações conforme apropriado.
Antes da revisão em nível de agência, a Nasa e a Boeing estão trabalhando para finalizar e apresentar a justificativa de voo para várias equipes da comunidade e para o conselho de controle do programa. As equipes de engenharia têm trabalhado para avaliar um novo modelo que representa a mecânica dos propulsores e que foi projetado para prever com mais precisão o desempenho durante a fase de retorno do voo.
De acordo com a agência, esses dados podem ajudar as equipes a entender melhor a redundância do sistema desde o desacoplamento até a separação do módulo de serviço.
Quais são as opções para Butch e Suni?
Se os gerentes da Nasa decidirem que o risco de voltar na Starliner não vale a pena, Wilmore e Williams prolongariam sua estadia na estação espacial até pelo menos fevereiro do próximo ano, quando retornariam à Terra a bordo de uma espaçonave Dragon fornecida pela SpaceX, rival da Boeing no programa de tripulação comercial da Nasa.
Caso esse cenário se confirme, a Nasa vai precisar excluir dois astronautas que iriam ao espaço na próxima missão Crew-9, da SpaceX, para reservar as vagas para o retorno dos astronautas da Starliner. Nesse caso, a cápsula da Boeing faria uma desacoplagem automática da estação nos próximos dias e retornaria vazia à Terra.
Se a cápsula da Boeing não puder retornar à Terra com seus dois astronautas, a NASA pode não certificar o Starliner para missões operacionais de tripulação sem um voo de teste adicional.
A odisseia da Boeing
Em 26 de junho, a Nasa afirmou que os astronautas não estão literalmente “presos” no Espaço e que o adiamento de sua partida da ISS é necessário para uma completa avaliação dos problemas técnicos da Starliner. As origens dos problemas estão no módulo de serviço da Starliner, uma seção da espaçonave que é descartada durante o retorno à Terra. Por isso, segundo a agência, os problemas precisam ser examinados enquanto a nave ainda está no espaço.
Dos problemas encontrados, a maior preocupação é a falha de múltiplos propulsores do sistema de controle de reação, que são essenciais para direcionar a Starliner durante sua partida da estação espacial e preparar a nave para uma queima crucial para a reentrada na atmosfera da Terra.
Nas últimas semanas, equipes terrestres da NASA e da Boeing concluíram testes de um propulsor em um banco de testes em White Sands, Novo México. A agência e a empresa testaram os propulsores da espaçonave em órbita para verificar seu desempenho enquanto acoplados à estação espacial. A Nasa disse que os resultados preliminares desses testes foram úteis, mas seguiu adiando uma decisão final sobre o retorno dos astronautas.
Além da Revisão de Prontidão de Voo adiada, a Nasa repassou cerca de R$ 1,7 milhão para a SpaceX em 14 de julho para um “estudo especial de resposta a emergências”. Desde então, a agência enfrenta discussões internas vigorosas sobre se a tripulação deve ou não voar para casa na Starliner. Alguns engenheiros acreditam que, se houver dúvidas sobre a Starliner, então a Nasa deveria optar pelo caminho mais seguro — voltar na Crew Dragon, que já foi e voltou em segurança 12 vezes.